A manutenção nos últimos dez anos de
cerca de 700 novos casos de hanseníase na Paraíba forçou o Ministério Público
do Estado a investigar os motivos desse cenário.
Com 40% desses casos se concentrando na
região do Sertão, a promotoria da Saúde de Patos abriu um procedimento
preparatório prévio para que a Secretaria do Estado de Saúde investigue os
motivos.
De acordo com dados da Secretaria de
Saúde, em 2012 foram registradas maiores taxas de incidência da doença nas
cidades de Patos e Cajazeiras, com 35,29% e 96,4%, respectivamente.
Esses números apontam que nessas duas
cidades no ano passado foram diagnosticadas com a doença 36 pessoas em Patos e
57 em Cajazeiras. Já este ano, até julho, 27 pacientes no primeiro, e 50 no
segundo município também foram confirmados como recém-diagnosticados. Por conta
disso a promotora Edivane Saraiva de Souza, recomendou à secretaria
providências para que em 30 dias sejam apontadas alternativas para aumentar a
política de prevenção contra a doença.
“É preciso ser feito um planejamento
para a execução das ações realizadas e quais foram seus resultados. Demos um
prazo de 30 dias para que sejam observadas essas questões, sob pena de incursão
de medidas administrativas e judiciais cabíveis ao caso. Para mudar esse
cenário é preciso desenvolver técnicas de prevenção e orientação nas unidades
de saúde para que as estratégias sejam alcançadas”, disse a promotora.
A chefe do Núcleo de Doenças Endêmicas
da Secretaria de Saúde, Mauricélia Holmes, apontou que outras cidades também
estão com uma taxa considerável de novos casos diagnosticados. Segundo ela,
Santa Rita, com 27 casos, Campina Grande com 50 e João Pessoa com 43, todos
este ano, são peças fundamentais de estratégia de combate à doença.
Segundo ela, por esses municípios
possuírem centros de tratamento e programas específicos de combate à
hanseníase, torna-se mais efetiva a luta contra esses números.
“Essas cidades têm um serviço de
referência. Mas, nossa preocupação são os municípios do Sertão, que chegam a
concentrar 40% do total dos casos de todo o Estado. Há dez anos a média de
novos diagnósticos tem variado de 670 a 700 confirmações, mas a partir de novas
estratégias que estamos montando, acredito que podemos mudar esse cenário. E a
primeira medida será realizar testes de prevenção com adolescentes menores de
15 anos, que já começam a apresentar alguns sintomas da doença”, afirmou
Mauricélia Holmes.
Além de Patos e Cajazeiras, a promotora
Edivane Saraiva disse que irá também cobrar medidas de prevenção das
secretarias municipais das cidades de Santa Terezinha, Cacimba de Dentro, São
José de Piranhas e Quixabá, todas localizadas no Sertão, que até o ano passado
não apresentaram casos da doença, mas este ano já tiveram os primeiros
pacientes confirmados.
“Precisamos saber os motivos desse
surgimento, e também cobrar campanhas de prevenção para que as pessoas se
previnam da doença”, afirmou a promotora.
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